O ano de 2018 encerrou.
Entre empresários e profissionais existe um consenso.
Foi um ano de muita expectativa e pouca realidade. Todos esperavam mais, no entanto a retomada não aconteceu no ano de 2018. Mas se pensarmos que ainda tivemos greve dos caminhoneiros, copa do mundo e eleições, o país ainda se saiu bem.
Contudo não foi um ano de se jogar fora.
Além disso, houve bastante aprendizado e uma movimentação muito grande nos bastidores. Engenheiros sênior e másters, buscando apagar as marcas da corrupção do país, mostrando uma realidade naquilo que temos que nos orgulhar. A nossa engenharia.
Para este ano de 2019, é importante saber quais serão as grandes tendências do mercado da construção civil, com intuito de se planejar e tomar as decisões mais certeiras em um mercado cada mais competitivo.
Índice de confiança do empresário melhora
Primeiro começo com um indicador importante. O índice de confiança do empresário.
Segundo o último boletim da FGV o indicador de confiança chegou à 85 pontos, sendo o maior índice desde 2015.
O que mais chama atenção neste indicador se trata da composição do mesmo.
O primeiro é em relação ao otimismo do empresário no curto/médio prazo que é no horizonte de 6 meses, que aumentou.
Já o segundo indicador se trata do ISA, que é o Índice de Situação Atual.
Esse indicador refere-se do “agora”. Embora ele esteja menor que IE (índice de expectativas), este indicador acabou tendo um leve alto no mês de novembro/2018.
É importante entender como está a confiança dos próprios empresários da construção civil, já que cada vez mais o setor privado será responsável pelo investimento e o Estado tende a diminuir o apoio direto neste tipo de investimento.
Se o empresário não acreditar, quem mais acreditará?
Privatizações e PPPs
A grande sacada do mercado, diferente dos últimos anos, será a intensificação, veja bem, intensificação das Parcerias Públicos Privadas.
Para se ter noção os órgãos de engenharia vêm desenvolvendo desde 2018, um plano de investimentos nesta parceria. Agora com um governo cuja tendência é de fomentar esse tipo de unidade de negócio. O governo vê com bons olhos os 25 novos projetos para 2019, cuja ordem de grandeza é de 7 bilhões de reais.
Se trata basicamente de projetos de infraestrutura, setor o qual o pais tem grande necessidade para pode crescer.
Serão projetos nas áreas de ferrovias (10), mineração (1), rodovias (2), terminais portuários (8), óleo e gás (2) e energia elétrica (2).
O que mais chama atenção é que projetos dessa magnitude demandam empresas mais robustas. A vantagem é que temos gigantes da engenharia que estão adormecidas, cuja capacidade instalada está ociosa, aguardando projetos desta grandeza.
Ressalto que estas empresas já possuem sistemas de gestão mais aprimorados e que será necessário para este tipo de projeto.
Abertura de novas empresas
Seguindo a tendência mundial e principalmente a tendência brasileira a curva de crescimento de novas empresas no setor da construção civil irá acontecer.
O motivo são vários.
A demanda de mão de obra ainda não consegue suprir a oferta de mão de obra “obrigando” a busca de negócios ao invés de emprego.
Segundo ponto importante é que nova geração Y já tem forte em seu DNA, o sentimento de empreendedor, e isso favorece à abertura de novas empresas.
Aumento do uso de realidade aumentada (Imobiliário)
Assim como em outros mercados, a engenharia não vai ficar muito fora da realidade aumentada.
No finalzinho do ano já havia vários vídeos circulando na internet de projetos sendo visualizados com realidade aumentada.
https://www.youtube.com/watch?v=EIow6-10Q-M
Isso é uma grande “sacada” em termos comerciais, pois melhora a percepção do cliente para com o produto.
Ainda vejo pouca aplicabilidade em melhoramentos dos processos de confecção de projetos, no entanto.
O certo é aguardar o desenrolar dessa tecnologia e suas aplicabilidades no nosso setor.
Aumento do preço dos insumos da construção
Isso será uma das maiores tendências do mercado e que deve ser observada de perto pelos empresários e principalmente pela equipe de suprimentos das construtoras.
Desde o início de 2018, os principais insumos da construção vem ganhando força no aumento do preço.
O aço, por exemplo, teve um aumento significativo em Julho/18, com um aumento de 12,5% anunciado pela CSN.
O aumento dos preços será uma grande tendência. As empresas fornecedoras de insumos irão começar “corrigir” o retrocesso nas vendas dos últimos 4 anos, já nestes próximos.
Minha aposta é que os próximos preços que alterados serão os insumos que estão cronologicamente no final da obra, digo, revestimentos, louças e metais, pintura, etc.
Projetos vão sair das gavetas
Fora números de publicações na internet, gostaria de falar sobre a realidade que vivo no mercado de São Paulo.
Desde o final das eleições sentimos na pele o aumento do número de novos projetos surgindo.
Conversamos com alguns empresários que são clientes do setor da construção e grande parte deles estão confiantes na retomada do crescimento no país. Os projetos estão saindo das gavetas e sendo reanalisadas viabilidades e orçamentos para chegarem no target das empresas.
O fato é que pelo menos o sentimento é positivo e que alguns bons projetos estão surgindo.
BIM, IOT E Outros…
Um assunto que vai tomando forma nos últimos anos, o BIM, vai vir cada vez mais forte.
O governo federal no final de 2018 informou que a partir de 2021 vai exigir em seus projetos mais complexos.
O Estado fez a sua parte em fomentar essa cultura de aplicação deste novo tipo de modelagem de projetos.
Minha crítica ainda se mantém.
A maior parte do mercado privado (para não dizer sua totalidade) ainda não entende o que de fato é o BIM e principalmente “comprar” esse novo conceito de modelagem.
Ainda existem muitos profissionais da área que interpretam o BIM como uma ferramenta.
Vejo como necessário ainda, a continuidade dos esforços em difundir a aplicabilidade deste conceito.
O segundo assunto que será bem abordado será o IoT (Internet of things).
Desde 2017 a indústria de ponta vem comentando com mais intensidade sobre a transformação 4.0 que ela vem passando.
A realidade é que a construção civil ainda está patinando na implementação tanto da Internet das Coisas, quanto qualquer outro assunto sobre a revolução 4.0 na indústria.
Assim como o BIM, não só o IoT como toda a indústria 4.0 na engenharia, ainda não passa de planejamento. (saiba mais em https://bepvalor.com.br/construcao-civil-a-industria-2-0-flex/)