Gerenciamento da fiscalização dos projetos
Em tempos de crise, onde a escassez de bons projetos tem sido cada vez maior na engenharia nacional, um tema que precisamos discutir bastante é o que trata do Gerenciamento, da fiscalização dos projetos.
O mercado da engenharia por aqui, sempre trabalhou com este quarteto:
– Cliente ou investidor (público ou privado)
– Projetista
– Gerenciador ou fiscalizador
– Construtora
Ao longo dos anos, este quarteto foi atuando e se ajustando às mais variadas demandas que o projeto requeria. Ora pelo tipo de obra, ora pelo escopo, ora pelo prazo, ora pelo valor, e por aí vai.
Gerenciador ou fiscalizador
Porém o que percebemos é que dentre estes quatro participantes principais, o gerenciador ou fiscalizador, foi o que menos conseguiu sobreviver e se ajustar mais rapidamente às grandes e frequentes mudanças ocorridas no setor da engenharia. Um ponto a considerar é que neste grupo de empresas o trabalho ofertado é basicamente 100% pautado por mão-de-obra.
Outro fator é em relação a frequente queda dos preços e custos na implantação dos projetos; primeiro por conta da redução dos custos que vem ocorrendo ultimamente e depois, devido a um grave ‘modelo de participação em concorrências’ também pelas empresas de gerenciamento ou fiscalização, que é o chamado ´mergulho’, ou seja, para ganharem uma concorrência, elas dão ‘descontos’ que ultrapassam a linha da responsabilidade.
Quantidade x Qualidade
Daí o que vemos são empresas que oferecem ao cliente, a ‘quantidade’ de profissionais exigidos no certame licitatório ou na contratação privada. Porém não atendem em termos da ‘qualidade’ destes profissionais. Claro, depois de darem altos descontos, seus ‘preços’, por não serem mais ‘exequíveis’, elas então colocam profissionais muitas vezes mais juniores ou não tão preparados, para atuarem no gerenciamento ou fiscalização destes contratos.
O resultado é que, ao invés de exercerem seu papel ativo e de integrador junto às demais partes, este gerenciador ou fiscalizador, atua mais na retaguarda. Isto traz como consequência, uma baixa qualidade na gestão dos processos, dificuldades muitas vezes de terem uma boa interlocução junto aos demais stakeholders, de terem uma atuação até mesmo mais punitiva quando necessário. Além disso, muitas vezes não assumem responsabilidades, transferindo ao cliente as decisões que deveria tomar.
É como se atuarem passivamente dentro de um processo no qual a proatividade na gestão é algo que tem que ser intrínseco ao modus operandi destas empresas.
As regras e condições comerciais imputadas às gerenciadoras deveriam vir acompanhadas de uma melhor precificação e definição dos serviços exigidos, para então o cliente efetivamente cobrar da empresa sua adequada atuação. O trabalho destas empresas é fundamental em um projeto/obra.
Grandes problemas que temos visto são consequência direta deste ‘tratamento’ inadequado ao gerenciador ou fiscalizador, que muitas vezes começa desde a concorrência e se estende até o pós-obra.
Preparar o país para a retomada de seu crescimento, necessariamente passa por preparar e capacitar melhor, também este grupo de empresas de gerenciamento e fiscalização. Isto garantirá mais qualidade e assertividade no resultado dos projetos.