No momento em que o país vive a expectativa de uma retomada de investimentos, há também uma preocupação que deve ser foco para os profissionais de ponta da Engenharia.
As última décadas mostram que nosso segmento demanda melhoria da produtividade na construção.
Os métodos construtivos expostos em ‘canteiros’ de obras espalhados nos quatro cantos do país seguem modelos e métodos ainda arcaicos. É comum encontrar situações com alto riscos de segurança, uso inadequado de materiais e equipamentos e mão de obra pouco preparada para as atividades envolvidas em uma obra, seja a construção de uma simples casa ou um grande projeto de infraestrutura.
Outro ponto importante a ser considerado é o imenso volume de desperdício de material e recursos ainda presentes. O que parece ser ‘cultura’ entre alguns profissionais denota, na realidade, a falta de visão sobre o que é fundamental na construção civil: otimização e aproveitamento das matérias-primas. Este tipo de postura não cabe no mercado de construção civil nestas obras (e na verdade nunca coube).
É um momento crucial para virarmos a chave do velho modelo e fazer valer a melhoria (muito grande) na produtividade da Indústria da Construção, em grande escala e todos os níveis.
Pode-se fazer um paralelo com a Indústria do Agronegócio: há alguns anos, o campo vivia situação bem parecida com a que descrevi acima – modelos arcaicos, desperdício, mão de obra pouco preparada, situações de muito riscos à segurança e saúde do trabalhador rural, materiais e equipamentos obsoletos; o que resultava em alto custo de produção e os produtos em situação de baixa competição, quando comparados aos produtos vindos do exterior.
Hoje o Campo conta com tecnologia, inovação, mão de obra qualificada, materiais e equipamentos adequados à produção. Isto garante melhor produtividade, melhores condições de venda do produto no mercado (interno e externo), ou seja, o agronegócio passou a ser um mercado bastante competitivo.
Isto é o que precisamos fazer acontecer na Indústria da Construção.
Há muitos bons trabalhos em andamento e precisamos generalizar esta cultura. Essa transformação se faz dentro de uma pequena empresa ou de uma grande empresa – construída por todos!
A cultura da inovação, do emprego adequado das tecnologias, do investimento e preparo dos profissionais é algo que precisa estar intrínseco ao negócio – fazer parte do que o move.
Apesar de ainda lidarmos com custos altos, mesmo quando comparamos com a realidade do mercado interno, a nossa Engenharia requer upgrade. Nós, profissionais da Engenharia, podemos e devemos fazer acontecer um modelo de trabalho integrado, colaborativo e com melhores resultados.
Ao avaliar o ciclo de vida de um projeto – desde a concepção, passando pelos estudos de viabilidade, projetos básicos, projetos executivos, até a fase da operação do ativo – precisamos garantir a qualidade em cada fase e, principalmente, a gestão das interfaces entre as etapas. Este modelo já é bastante disseminado em países da Europa e principalmente nos Estados Unidos.
Sob este prisma, os processos contam com dois pilares fundamentais para a sustentação de qualquer negócio: o Projeto com o melhor nível de detalhes possíveis e um Planejamento Executivo focado na excelência.
Culturalmente, nestes países, a Engenharia é vista por modelos inteligentes, com valor agregado, portanto, sabe-se que esta área não representa uma commodity, que é um bem estado bruto, um produto primário ou algo produzido em massa.
Esta mudança de visão será vital para que os profissionais da construção consigam refletir e encarar com mais seriedade a ‘grande virada’ da Engenharia nacional. Lembrando que se trata de um movimento coletivo: investidores, universidades, agentes financiadores, governo, entidades de classe, profissionais, empresas, órgãos fiscalizadores e a própria sociedade.