As discussões sobre o desequilíbrio causado pelos preços dos combustíveis continuam sendo um dos principais focos das questões econômicas no país, sobretudo com o anúncio do reajuste de preço na gasolina realizado pela Petrobrás na sexta-feira (17).
Com o aumento de 5,18% o valor da gasolina agora é, em média, de R$8,20, um dos mais altos da história. O diesel segue acompanhando essa tendência de reajustes, com acréscimo de 14,26% no preço.
Embora os postos de combustíveis não sejam obrigados a repassar os valores ao consumidor, isso é essencial para garantir sua margem de lucro.
Vale lembrar que este é um mercado volátil sujeito a fatores políticos, geopolíticos e a situação no interior das próprias indústrias. Ao longo de 2021, os combustíveis tiveram reajuste de preço por pelo menos 16 vezes.
Nunca foi tão difícil encher o tanque de um automóvel. Neste artigo vamos entender porque os valores dos combustíveis estão elevados e quais são os impactos para a economia do país.
Quais são os componentes que integram o preço dos combustíveis?
Existem dois principais fatores que interferem no preço do petróleo no Brasil: o dólar em relação ao real e o preço dos barris de petróleo no mercado internacional. Isso porque desde 2016 a Petrobras adota uma política conhecida como Preço de Paridade de Imigração (PPI), cujo índice baseia-se nos custos de saída do mercado norte-americano, desde custos como frete de navios, custos internos de transporte e taxas portuárias, cotadas em dólar.
Dessa forma, o preço local é estipulado com base na cotação do dólar e os gastos envolvidos durante a importação e no valor dos barris de petróleo no mercado internacional.
A adoção desta medida foi, inclusive, uma das razões que levaram à greve dos caminhoneiros em 2018. Antes disso, era o governo quem controlava os preços, uma atitude para controlar a inflação que, no entanto, causou grande prejuízo para a Petrobras, que não conseguia repassar ao consumidor o preço mais alto que pagava no produto importado.
No entanto, um dos riscos causados pela política de Preço de Paridade internacional é justamente a volatilidade do mercado internacional, sobretudo do dólar. Esse é, justamente, um dos movimentos que temos observado ao longo do tempo: o preço do barril e o valor do dólar, que consequentemente, desvaloriza o real, tornando a conversão da moeda e a compra do produto, desfavorável.
A economia americana tem sofrido fortes pressões do mercado em função da desaceleração econômica e aumento da inflação que se instauraram no país e a consequente recessão que pode atingir uma das maiores economias do mundo, na qual o último reajuste da taxa básica de juros, também conhecida como Selic, alcançou patamares históricos que não se viam desde 1974.
Em março deste ano vimos o preço dos combustíveis em dólar atingir uma alta que só foi vista lá em 2008, reajuste impulsionado pelos conflitos que se estendem no Leste Europeu, mas também pelo cenário econômico americano. Vale lembrar que os conflitos que se alastram pelo Leste Europeu e a baixa oferta da Rússia alteram significativamente a economia do mercado, principalmente de combustíveis, pois o país comandado por Putin é o segundo maior produtor e exportador do mundo de petróleo.
Sendo assim, as sanções impostas pelos Estados Unidos e União Europeia à Rússia contra o gás natural e petróleo do país tendem a reduzir a quantidade do produto no mercado, movimento que, naturalmente, causa a elevação dos preços.
Agora que você entendeu o conjunto de fatores que interferem no preço dos combustíveis, vamos compreender como isso desequilibra a economia no Brasil.
Desequilíbrio causado pelos preços nos combustíveis
O reajuste recorrente dos combustíveis afeta a cadeia econômica do país em diversos pontos, entre as quais de forma direta são prejudicadas são:
efeito cascata
- Setor de transporte: O mercado de transporte que utiliza a condução de automóveis é fortemente impactado pela alta nos preços. Transportadoras de pequeno e médio porte, autônomos, motoristas de aplicativo, preço das passagens de ônibus e o setor de aviação, já que a gasolina é um dos componentes do querosene;
- Setor da construção: Os materiais utilizados durante a construção dependem muito de transporte, o que ressalta o evidente reajuste de preço que deve atingir o setor em função do aumento nos combustíveis;
- Setor de alimentação: Se o custo do transporte sobe, os alimentos que dele necessitam também deverão ser repassados ao consumidor final;
- Setor de produtos e vestuário: Assim como os alimentos, todos os produtos do setor de vestuário e utensílios devem passar por um reajuste de preço que incidirá no bolso do consumidor.